Livro revela como a elite da Alemanha nazista impulsionou o Holocausto

O livro “O Engenheiro da Morte – a Participação da Elite alemã no Holocausto” (Editora Vestígio), de Marcio Pitliuk, diretor no Brasil do Yad Vashem, será lançado no dia 18 de abril, a partir das 18h, na livraria da Vila Shopping Pátio Higienópolis/SP. A data coincide com o Yom Hashoá, que recorda as vítimas do Holocausto.

O autor mostra que sem a colaboração direta da alta sociedade da Alemanha nazista, o Holocausto não teria acontecido.

Para ele, o único propósito dessas pessoas foi enriquecer e aumentar os lucros para suas empresas, como Volkswagen, Siemens, Oetker, Deutsche Bank, BMW, Krupp, entre outras ainda hoje na lista das mais valiosas do mundo.

A narrativa fictícia, com fatos reais, é a história do jovem e ambicioso engenheiro Carl Farben. Em 1941, quando os alemães começam a construir os campos de extermínio, ele muda a fórmula de um inseticida para torná-lo mortal aos seres humanos. Assim, desenvolve o gás Taifun B para dizimar os judeus. Incentivado pela esposa, Farben conquista fortuna e sucesso durante a guerra, mesmo às custas do genocídio causado pelo seu produto. Com a rendição da Alemanha, o casal consegue documentos falsos e foge para o Brasil. No entanto, a caça aos nazistas continua mesmo após o conflito militar global.

Pitliuk relata: “Os soldados da Schutzstaffel, a SS, que organizavam as filas nas câmaras de gás, eram o último elo da corrente assassina. Os militares administraram os campos de concentração, mas para construí-los foram necessários arquitetos, engenheiros e mão de obra especializada, além de muitos recursos financeiros. Para produzir o gás Zyklon B, um pesticida da Bayer (ainda existem latas com o logotipo) reformulado para ser um gás letal em humanos, os nazistas precisaram de químicos e uma fábrica, bem como de metalúrgicas para as cercas de arame farpado. Era um grande negócio com corrupção generalizada e engajamento da elite alemã”.

Dinheiro para a indústria do genocídio da Alemanha nazista não era problema. No livro, o autor conta como se dava o financiamento dos campos de concentração. O Deutsche Bank emprestou altos valores ao regime do Terceiro Reich, e quem pagou literalmente essa conta foram os judeus. A elite alemã, com o apoio do regime nazista, confiscou tudo dos judeus: economias, casas, joias, obras de arte, empresas, indústrias, enfim, tudo que estava ao seu alcance.

“Até a vitória soviética na Batalha de Stalingrado, em fevereiro de 1943, o padrão de vida da população da Alemanha Nazista era muito alto. O suborno era disseminado em um regime totalitário, criminoso e amoral”, menciona Pitliuk.

Parte do que era roubado dos judeus era destinado à população da Alemanha e outra reservada para construir os campos em Auschwitz-Birkenau, Dachau, Majdanek e outros. Mesmo depois de assassinados, os judeus eram mercadorias para grande lucro dos nazistas.

Pitliuk conclui: “Os cabelos dos judeus eram vendidos em toneladas para ser usado como material térmico em submarinos, aviões de guerra; os ossos serviam de adubo. Apenas para lembrar algumas situações. Tudo foi documentado pelos nazistas. Ninguém pensa isso”, comenta o autor. “Quando os gerentes das fábricas reclamavam do precário estado de saúde dos judeus que eles recebiam para ser usados como escravos nas empresas, os comandantes da SS diziam que, caso não resistissem, não tinha problema, porque muito mais chegariam. Perto do fim da guerra e com a derrota iminente, a elite, civis e militares enviaram grandes somas de dinheiro ao exterior, principalmente a Suíça, para se manterem com alto padrão de vida no pós-guerra. Todos tinham consciência dos crimes cometidos”.