Entrevista: Ron Robin, presidente da Universidade de Haifa

O presidente da Universidade de Haifa, Ron Robin, esteve no Brasil e concedeu à seguinte entrevista:

Como você vê o ensino em um mundo pós-pandemia? O ensino a distância veio para ficar ou o contato presencial entre professor e alunos ainda é essencial? Quais são os desafios que o ensino a distância trouxe?
A tecnologia assumiu o comando e aprenderemos a usar seus benefícios evitando as desvantagens de um mundo remoto. O isolamento e o formato impessoal do Zoom cobraram seu preço. Uma sociedade democrática em funcionamento envolve contato interpessoal e, claro, essa também é a pedra angular da pedagogia universitária. A aprendizagem é uma experiência coletiva e, portanto, não vislumbro um mundo sem ensino pessoal e presencial. No entanto, existem módulos de aprendizagem – grandes cursos introdutórios, por exemplo – que podem ser transmitidos remotamente. As horas de contato com os professores serão mais intensas e gratificantes.

Que lições Israel aprendeu com a pandemia? A ciência saiu fortalecida?
Na maior parte, a ciência recebeu o devido crédito durante a pandemia. Eu creditaria a um pequeno grupo de epidemiologistas – todos mestres da mídia – a explicação da natureza da pandemia para o público em geral. A lição mais importante que aprendemos foi a importância do diálogo com o mundo fora das universidades. Em um mundo de feeds de informações desconcertantes, a capacidade de envolver os leigos e fornecer-lhes informações foi crucial para o triunfo da ciência.

Quais são as perspectivas em relação às novas tecnologias a serem adotadas no ensino?
O mundo pós-pandemia provavelmente deixará o Zoom para trás para tecnologias mais realistas nas salas de aula e nos laboratórios. A Realidade Aumentada, o uso de hologramas e outros avanços tecnológicos dominarão o ecossistema de ensino e aprendizagem. O impacto total dessa mudança é difícil de avaliar. No entanto, proporcionará mais flexibilidade e mais oportunidades de aprendizagem, além da entrega de conhecimento mais convencional.

Como Israel pretende expandir seus conhecimentos adquiridos com a pandemia?
Uma outra lição que aprendemos é que o conhecimento e as estratégias para combater pandemias, em particular, e crises em massa, em geral, não são específicos de uma disciplina. As soluções são multidisciplinares, envolvendo não apenas avanços científicos, mas também sua disseminação. Somente equipes multidisciplinares podem garantir que nossas respostas científicas às pandemias sejam implantadas por um público bem informado e uma infraestrutura política responsável.

Publicado na Conib

SOBRE A UNIVERSIDADE DE HAIFA
A Universidade de Haifa, que possui cerca de 18 mil alunos de diferentes nacionalidades, compõe seis faculdades: Direito, Ciências, Ciência Educativa, Humanidades, Educação e Bem-estar Social e Saúde. A pluralidade se dá através da missão de promover a excelência acadêmica em uma atmosfera de tolerância e multiculturalismo. A Escola Internacional da Universidade de Haifa oferece bolsas de estudo para estudantes internacionais e no nível do corpo docente para a maioria dos programas.

Além de ser uma das mais avançadas tecnologicamente em sua área de especialização, a universidade que também possui destaque com grandes pesquisas nas áreas de: ciências marinhas, ciências ambientais, literatura, estudos da idade de ouro, desenvolvimento de convivência e diversidade – multicultural.