10 coisas que aprendi com o modelo de inovação israelense. Por Daniela Klaiman

 Aprendizados que obtive com a minha experiência em Israel:

1 – Pense e faça tudo como uma startup. Israel é uma startup de 70 anos, que viu em sua história a necessidade de se desenvolver e construir uma nação diante de diversas adversidades climáticas, sociais, políticas e econômicas.

2 – Inovação só acontece em um ambiente de liberdade e diversidade. Com uma cultura liberal, Israel é um país em que mulheres são a metade no exército e o casamento entre pessoas do mesmo gênero é aceito.

3 – O mundo todo pode ser o seu mercado. Israel não possui mercado interno, mas soube inovar, se desenvolver e foi através da exportação dos seus conhecimentos que se tornou uma das maiores referências do mundo em tecnologia de ponta.

4 – Empreendedores mais velhos criam negócios mais sustentáveis. Os empreendedores israelenses chegam mais velhos ao mercado de trabalho e criam suas startups já com a bagagem de vida, escola e exército e tem um perfil muito diferente dos outros países.

5 – Educação é o pilar que mais impulsiona a inovação. É, na maioria das vezes, nas escolas e universidades que a tecnologia é introduzida ao israelense e ali são oferecidos grandes incentivos para que os alunos criem seus próprios negócios.

6 – Investidor precisa ter coragem e apetite para risco. Em 2018 Israel bateu o recorde de investimentos em startups no país. Foram US$6.47 bilhões investidos, que representam um aumento de 17% em relação à 2017. Além disso, Israel possui mais de 70 empresas de investimento de capital de risco, enquanto no Brasil temos mais ou menos 25 fundos desse segmento. E como um pequeno país consegue esses números impressionantes? Com uma combinação entre tecnologia de ponta e altamente escalável e um número grande de investidores preparados, maduros e que tem apetite por risco. O investidor lá entende seu papel, sabe que ele precisa estar conectado com pontos de interesse das startups e que deve gerar oportunidades para sua investida.

7 – Inovação deve ser uma agenda do governo. Se você quer abrir uma startup, o governo investe em você! A presença do governo sobre a inovação é muito clara. Entre um dos departamentos do ministério da economia israelense temos o chamado Israel Innovation Authority, com a missão de incentivar a inovação e empreendedorismo através da indústria da ciência e tecnologia. Portanto, o título de Startup Nation serve não só para atrair investidores, profissionais, turistas ou interessados, mas foi percebido há tempos como um agente de transformação da economia interna do país. Um dos programas do Israel Innovation Authority oferece contrato com uma aceleradora em troca de 20 a 50% de equity mais a cobertura de 15% dos custos em pesquisa e desenvolvimento. Os outros 85% dos custos em pesquisa e desenvolvimento é o governo que banca! Sem pegar equity! Sem contrapartida! Se o empreendedor se dá bem, o país é o maior beneficiado. Esse é o mindset israelense.

8 – Um exército com multipropósito consegue proteger uma nação ao mesmo tempo que faz ela evoluir. O serviço militar é a base mais forte da sociedade israelense (já que o país vive sob ameaças constantes) e é obrigatório para todo cidadão israelense. São 3 anos para os homens e 2 para as mulheres. E o exército lá não é brincadeira. Só para se ter uma ideia, toda semana Israel sofre ataques com foguetes lançados de Gaza. E para defender o país dessas ameaças, foi criada uma tecnologia única no mundo chamada Iron Dome ou Domo de Ferro, um sistema que consegue interceptar e abater a grande maioria desses foguetes antes mesmo de eles atingirem o solo israelense.

9 – É necessário criar um Ecossistema de Inovação. Todos os pilares de inovação aqui citados estão conectados: investidores, aceleradoras, universidades, empresas, exército, universidades e governo. Um ajudando ao outro, todos se complementam e apoiam. O empreendedor entra no ecossistema e vai sendo conduzido pelos próprios players para a melhor posição. O objetivo é fazer virar e não importa quem se dá bem e quando, mas que no final, todos sairão realizados. Talvez o maior segredo de Israel: o seu ecossistema de inovação.

10 – Inovações vêm de um propósito coletivo. Um país cheio de escassez, que vive sob ameaças e que não tem mercado interno precisa olhar para problemas globais como fonte de inspiração para criação de startups rentáveis. Assim, Israel é o berço de negócios que que servem a um propósito coletivo. Como exemplo, esse ano foi impresso por lá o primeiro coração em 3D a partir de tecidos humanos. O órgão foi recriado através de células do próprio paciente e o feito abre a esperança para a realização de transplantes no futuro através das impressoras de órgãos, que já vêm sendo testadas.

Texto de Daniela Klaiman, UOL