Aos 87 anos, Gidon Lev, que sobreviveu ao Holocausto quando era criança, hoje se dirige à geração mais jovem usando o TikTok. Ele fala sobre suas experiências, compartilha suas memórias, com músicas, memes e hashtags.
Conhecido na rede social como “vovô TikTok”, ele afirma: “Apesar de tanto horror, sofrimento, dor e crueldade, a vida está diante de você e podemos torná-la melhor”.
Lev nasceu em 1935 em Carlsbad, hoje Karlovy Vary, na República Tcheca. Quando tinha seis anos, foi levado com a família ao campo de concentração e gueto Theresienstadt (Terezin), perto de Praga, onde seus pais foram obrigados a fazer trabalhos forçados: ele ficava em uma mina; ela atuava com outras mulheres para processar a mica.
Seu pai não sobreviveu. Ele foi deportado pelos nazistas de Theresienstadt para o campo de concentração de Auschwitz, na Alemanha, onde foi assassinado. Ao todo, Lev perdeu 26 de seus parentes no Holocausto. Em um dos vídeos que gravou, Lev mostra um pingente que seu pai havia dado à sua mãe antes de ser forçado a entrar no trem para Auschwitz.
Após a guerra, em 1945, ele e sua mãe voltaram para casa por um breve período e, depois, seguiram para os EUA e, mais tarde, para o Canadá. Em 1959, Lev emigrou para Israel.
Apesar de todas as dificuldades e tragédias, Lev se considera um otimista e não quer ser definido apenas como um sobrevivente do Holocausto. Mas ele se preocupa com aqueles que continuam negando o que aconteceu com milhões de judeus e outras pessoas perseguidas pelos nazistas.
Lev também está preocupado com aqueles que espalham atualmente o antissemitismo, particularmente nas mídias sociais: “Eu sei que isso existe, e não é preciso muito para trazer o ódio e a crueldade à tona. Nós já vimos isso”.
Durante a pandemia de coronavírus, Lev pediu aos seguidores de seus vídeos no TikTok que não comparassem medidas como usar máscaras de proteção facial com táticas nazistas.
Lev e sua companheira, Julie Gray, que produz os vídeos, ficaram surpresos com o sucesso das postagens, que já foram vistas e curtidas por milhões de pessoas.
Inicialmente, os vídeos para o TikTok foram feitos para divulgar o livro “As verdadeiras aventuras de Gidon Lev”, que ambos escreveram. Porém, eles transformaram a ação em algo maior.
“Para mim, a importância de usar o TikTok é porque existe uma surpreendente falta de educação sobre o Holocausto entre os jovens”, conta Gray, que é editora. “Então, você pode usar o TikTok – um meio que os jovens gostam – com música, memes e hashtags para ensinar algo”.
Não se trata de educar sobre o Holocausto em 30 segundos. “O que fazemos é inspirar curiosidade e fazer as pessoas dizerem: ‘Quero aprender mais’. Temos que nos perguntar como estamos ensinando sobre o Holocausto. Está atualizado e alcançando as pessoas?”, questiona Gray. “Só posso esperar que haja um número suficiente de jovens que saibam o que é certo e tentem fazer o melhor”.
Fonte: G1/Deutsche Welle