Peça sobre mãe judia estreia em SP

“Quando Tudo Estiver Pronto”, do dramaturgo norte-americano Donald Margulies, ganha a primeira montagem no Brasil, no Teatro Folha (Shopping Pátio Higienópolis), em São Paulo. O espetáculo, que tem direção e tradução de Isser Korik, conta a história de uma jovem mãe judia que tem chance de colocar as coisas em ordem após sua morte.

A história se passa no Brooklin, em Nova York, em uma típica família tradicional judia, não ortodoxa. Isser Korik explica: “Também sou judeu e me considero muito inserido na cultura judaica como um todo. Então conduzi a tradução/adaptação do texto buscando causar no espectador brasileiro o mesmo impacto que o autor buscou em seu público americano. Para isso, optamos por mudar nomes de pessoas, lugares e costumes típicos da comunidade judaica de Nova York, por seus equivalentes na comunidade judaica paulistana. De resto, seguimos totalmente a estrutura dramatúrgica do original”.

A trama gira em torno da morte de uma jovem mãe, interpretada por Patrícia Pichamone, que pertence a uma família judia. Uma semana depois, no entanto, o impossível acontece: ela retorna de sua cova para colocar sua casa e sua família em ordem. Nesse processo, ela vai reencontrar o marido (Otávio Martins), o filho (Filipe Ribeiro), a sogra (Lilian Blanc), o sogro (Sylvio Zilber) e cunhada (Eliete Cigaarini). Esse retorno, inevitavelmente, afetará a todos.

“As dinâmicas familiares colocam cada membro da família em papéis específicos em relação aos demais. A falta de um desses familiares demanda a construção de novas pontes entre os sobreviventes”, comenta o diretor. O texto, então, instiga o público a reflexões diante dessa chance de se voltar ao mundo dos vivos e colocar as coisas nos trilhos. “A morte, por mais previsível que seja, sempre nos pega de surpresa e ‘no meio’ de alguma coisa. Ninguém agenda a morte. Então, deixar pendências é condição inevitável. E ficamos sempre com a sensação de que alguma coisa ficou por arrumar. Margulies responde à eterna pergunta ‘se pelo menos pudesse ter feito aquilo antes de ir…’, trazendo a personagem de volta para resolver a pendência. Leva a plateia a questionar ‘será que seria mesmo melhor assim?’”, pondera ele.