“Ninguém no mundo sai de casa sem usar uma tecnologia israelense”

A afirmação foi feita pelo presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, Renato Ochman, à revista “Isto É Dinheiro”.

Fale sobre sua atuação na Câmara Brasil-Israel.
Pensamos três princípios. Descentralização — abrimos regionais em quatro estados: Amazonas, Mato Grosso, Pernambuco e Rio Grande do Sul. O segundo foi focar no universo das startups, em que Israel é referência. Juntar empreendedores brasileiros para se conectar com Israel, seja por meio de associação, fusão, parceria, o que for. O valuation de uma startup de lá é cinco vezes superior ao de qualquer outra no mundo. O terceiro princípio é manter e multiplicar as missões.

De que maneira?
A gente faz uma live a cada 15 dias trazendo sempre um empreendedor de Israel. E não se trata apenas sobre um produto ou serviço. Pode ser transferência de tecnologia, de conhecimento. Por exemplo. Quando surgiu lá a notícia de um especialista que fazia cirurgia de córnea artificial costuramos esse encontro virtual. Foi espetacular. Ele nunca havia falado com os profissionais brasileiros. Pensamos em todos os setores.

Apenas 0,2% das exportações brasileiras seguem para Israel e 0,6% das importações brasileiras vêm de lá.
Especificamente nesse ponto eu vejo as coisas mais fora da caixa. Hoje temos mais ou menos US$ 1,5 bilhão no trade entre Brasil e Israel. E o Brasil é deficitário nessa relação. Isso é claro. Mas há um ponto que penso ser importante trazer. Essa relação trata de uma forma de medir performance de negócios que não se adaptou para outra realidade. Há cerca de 300 empresas israelenses no Brasil. Dos mais variados tipos de negócios, nem todas com sede aqui. Número que há dez anos era de 120, 140. E o que gostaria de chamar a atenção é que o tipo de negócio que Israel exporta para o Brasil hoje é difícil a gente mensurar. Um dia vamos conseguir, mas é difícil.

Por quê?
Quando vem um chip do seu smartphone para cá, cuja tecnologia é de Israel, mas ele vai ser produzido no Brasil, eu não consigo separar quanto desse chip é israelense. Quando um Waze, que é israelense, faz IPO na Nasdaq, para a balança comercial ele já é Estados Unidos-Brasil. Na Câmara a gente perdeu muito tempo pensando: “Como aumentar esse número que nunca sai do lugar?” Descobrimos que só tem um jeito.

Qual?
Vamos esquecer esse número e vamos tratar de fazer negócios. Vamos fazer “match” entre empresas. É isso o que temos de fazer. Não interessa se é US$ 100 ou US$ 200 milhões. Porque se for pela balança isso não será medido. Na residência de todo mundo tem uma tecnologia israelense. E ela não entra nesse radar.

É preciso outro tipo de métrica?
Eu comparo com o que acontecia quando a gente ia fazer avaliação de empresa de tecnologia, para fusão, aquisição. Elas tinham zero de ativos. E de repente valiam uma fortuna. E os empresários de outros setores diziam, “Pô, mas eu tenho minhas plantas industriais, máquinas, tem de valer muito mais…”. Acabou. É igual. Esses índices precisam ser adaptados.

É inevitável comparar a gestão do combate à pandemia por Israel, exemplar, e pelo Brasil, catastrófica. O que explica isso?
Bem, preciso separar um pouco a posição da Câmara e a minha nesse tema. É preciso entender que em Israel as pessoas nascem com uma mentalidade preventiva. É cultural. Em outros momentos de tensão, quando vinha a determinação governamental de um lockdown, ficava todo mundo em casa. Eles fizeram isso milhares de vezes. Israel conquistou essa postura desde lá atrás.

E o que levou a essa vantagem competitiva?
Trata-se de um país jovem que incentivou uma coisa: a educação. Não há coisa mais importante. Depois vem a ciência. Depois, os negócios. Mas por trás de tudo está a educação. Por isso ninguém no mundo sai de casa sem usar tecnologia israelense.

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