Myriam Glatt convida para exposição na Galeria da Candido Mendes/RJ

A Galeria Candido Mendes (Ipanema) abre o seu calendário de exposições de 2020, no dia 11 de março, às 19h, com a individual “Arquiteturas Instáveis”, da artista Myriam Glatt, com texto de Paulo Sergio Duarte.

A mostra, que tem entrada franca, apresenta cerca de 10 obras em grandes dimensões, que ocupam o piso e as paredes da Galeria. São trabalhos em papelão, ressignificados pela artista. Depois da exposição de Brasília e com prêmio recém-adquirido no salão dos “Artistas sem Galeria” de SP, a obra de Myriam vem confirmando uma geometria que abre espaço para o espectador manipulá-la como nas ‘AbaMóveis’ ou mesmo entrar no trabalho como no caso da ‘Mandala’ cromática, instalada no piso da galeria.

A preocupação com a ecologia está muito presente na produção atual de Myriam Glatt. De uma maneira sutil, um novo olhar pode nascer para os objetos que se formam e se transformam. De um papelão descartado, surge uma obra reformulada. Do descarte ao resgate. Nasce, nesse processo, a vontade de participação do espectador, já que alguns desses trabalhos permitem a alteração de suas formas, por meio da manipulação direta do público ou até pela presença integral de seu corpo, que se coloca em relação à proposição artística como um todo. “Há um ano meu trabalho começou a geometrizar quando comecei a ver o papelão, a caixa de papelão propriamente dita como um fim, e não mais como um suporte para receber minhas pinturas. Começo a olhar sua matéria, suas texturas e sua cor, deixando em alguns momentos vir à mostra sua aparência e seus desgastes”, explica a artista.

Myriam Glatt se dedica há algum tempo a pintura e aqui, nesta exposição, esta linguagem também está presente. O papelão, matéria-prima de sua mostra, recebe cores, texturas e manipulações diferentes. De um lado, o branco e o marron fazem um contraste com as obras que recebem outras tonalidades da parede da frente ou com a enorme mandala multicolorida do centro. Com isso, a artista pretende dar continuidade às investigações próprias da pintura, como a relação modular entre a forma simples e sua repetição, o gesto evidente na pincelada e a impregnação dos campos de cor, a dinâmica entre a superfície da pintura e sua espacialização e, assim, transformando-o em objeto artístico. A fusão entre a pintura e a escultura.

A escolha do papelão aconteceu depois dela ver o excesso deles descartados pela cidade e encontrou em sua superfície um potencial para desenvolver uma pintura que mostrava desde antes, uma vontade de sair do plano e ir para o espaço. E também um desejo ainda mais antigo que Myriam tinha de experimentar novos suportes e fugir da tradição da pintura sobre tela. “Com o papelão, continuei com corta/ cola, mas ele me deu algo mais. Criando relevos, minha pintura foi para o espaço e com suas abas possibilitou o espectador interagir. Nesse momento, penso no neoconcretismo e suas manifestações”, diz