Cientistas israelenses: cura para diabéticos dependentes de insulina estará disponível dentro de cinco anos

Uma equipe de pesquisadores da Betalin Therapeutics, com sede em Jerusalém, desenvolveu o primeiro pâncreas bio-artificial composto por tecido pulmonar de porco e células secretoras de insulina. Implantado no paciente e conectado aos seus vasos sanguíneos ele seria capaz de medir o nível de açúcar no corpo e secretar a quantidade ideal de insulina necessária para equilibrar o açúcar no sangue.

“Esta é uma nova maneira de tratar o diabetes”, explica o CEO Nikolai Kunicher. “Hoje, só existem formas de administrar a doença. Isto é uma cura. O pâncreas diabético perdeu a capacidade de produzir insulina e nós devolvemos essa função. O paciente nunca mais terá que injetar insulina em seu corpo”.

Kunicher e sua equipe completaram testes com animais. Os ensaios clínicos em seres humanos devem começar dentro de um ano. Betalin investiu US$ 3,5 milhões em pesquisas e pretende conseguir outros US$ 5 milhões antes do início dos testes em humanos. Calcula-se que o pâncreas biológico custe cerca de US$ 50.000 por paciente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 500 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de diabetes tipo I ou tipo II. Desses, cerca de 160 milhões são dependentes de insulina. Inúmeros tratamentos para diabetes estão disponíveis e variam de acordo com as necessidades de cada paciente. Os diabéticos dependentes de insulina geralmente tomam insulina através de injeção ou usando uma bomba. Existem também medicamentos orais para diabetes. Qualquer pessoa que use insulina poderia se beneficiar do novo método.

Entre os que sofrem de diabetes está o professor Sidney Altman, membro do conselho consultivo da Betalin que ganhou o Prêmio Nobel de Química, em 1989. Considerado um dos melhores biólogos moleculares do mundo, ele afirmou: “Essa é uma nova abordagem”. Já o professor Aryeh Warshel, que ganhou o Prêmio Nobel de Química em 2013 também faz parte do conselho da Betalin.

A empresa foi fundada em 2015 depois de uma década de pesquisas do professor Eduardo Miterani, da Faculdade de Ciências da Universidade Hebraica de Jerusalém, que examinou como as células entram em contato com tecidos de suporte que estimulam o ambiente extracelular no corpo humano. “O pâncreas é único, pois funciona como um órgão autônomo completo, não como células únicas e, portanto, pode atuar em qualquer parte do corpo”, explicou Miterani.

Hoje, Avi Treves, fundador e CEO da Hadasit Ltd. e Gamida-Cell Ltd., lidera a pesquisa e o desenvolvimento de Betalin. Ele disse que a tecnologia representa a próxima fase do que é conhecido na comunidade científica como Protocolo de Edmonton, através do qual os médicos já estão implantando ‘ilhotas pancreáticas’ nos pacientes. “Os médicos retiram as ilhotas de um doador e as implantam em um paciente. Isso pode curar os pacientes por um longo período. Mas é um procedimento complicado e tem muitas desvantagens, como a possibilidade de o tecido morrer com o tempo. Além disso, os pacientes precisam ser medicados e acompanhados sob o risco de rejeição, “uma vez que é um tecido estranho que está sendo implantado em seu corpo”.

Em contraste, ele disse, a microestrutura artificial do pâncreas que está sendo desenvolvida em Betalin permite que as células funcionem melhor e por mais tempo. Atualmente, Betalin está colaborando com clínicas na Alemanha, Grã-Bretanha, EUA, China e Itália, que já estão fazendo transplantes de ilhotas para testar a tecnologia. Recentemente, ele recebeu uma bolsa de colaboração binacional da Autoridade de Inovação de Israel e do governo italiano, juntamente com o professor Lorenzo Piemonti, pesquisador de transplante de renome mundial.